domingo, 20 de outubro de 2019

Unidades de análise da prática educativa

ZABALA, A. 1988,  p. 23

A prática educativa: unidades de análise

1-      Complexidade das variáveis que intervêm nos processos educativos, tanto em número como em inter-relações.
2-      Atuação profissional baseada no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva.
2.1- Modelos de causa-efeito são inviáveis. Modelos mais próximos à teoria do caos do que a modelos mecanicistas.
3-      2 grandes referenciais: (1) função social do ensino; (2) conhecimento do como se aprende.
4-      Aula se configura como um microssistema definido.
4.1-  A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que se constituem em peças fundamentais em toda prática educacional: planejamento_aplicação_avaliação.
4.2-  Unidade mais elementar: atividade ou tarefa.
4.3-  Unidade elementar ampliada: sequências de atividades.
5-      Sequências são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. (p.18)
6-      Dimensões das sequências:
6.1- sintaxe, sistema social, princípios de reação e sistema de apoio (JOYCE; WEIL, 1985)
6.2- controle, conteúdos, contexto, objetivo/categoria, processos, apresentação/audiência e registros (TANN, 1990)
6.3- meio do ensino/aprendizagem entre alunos e professor e matéria, conteúdos de aprendizagem, e funções no processo de aprendizagem (HANS AEBLI, 1988)
6.4- sequência de atividades de ensino/aprendizagem, relações interativas, organização social da aula, espaço-tempo, organização dos conteúdos, materiais curriculares, critérios de avaliação (ZABALA, 1988)
7-      Referenciais:  Dos referenciais iniciais(1) função social do ensino; (2) conhecimento do como se aprende, são acrescentadas mais 4 fontes referenciais:
7.1 - função social do ensino ⇰ 1) fonte sócio-antropológica (concepção ideológica) e 2) fonte epistemológica (função do saber, dos conhecimentos, as disciplinas, das matérias);
7.2 - conhecimento do como se aprende ⇰ 3) fonte psicológica (como as aprendizagens se produzem) e 4) fonte didática (decisões didáticas e situações de ensino).


A função social do ensino e a concepção sobre os processos de aprendizagem: instrumentos de análise
1.       A função social do ensino: que finalidade deve ter o sistema educativo?
Selecionar os melhores para a carreira universitária? Sistema seletivo e propedêutico? Formar cidadãos e cidadãs, que estão parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas.
De nós, professores, espera-se identificar os fatores que incidem no crescimento dos alunos, aceitar o papel que podemos ter nesse crescimento e avaliar se nossa intervenção é coerente com função da escola e de nossa função social como educadores, assumindo-se ideologicamente.
2.       Os conteúdos de aprendizagem: instrumentos de explicitação das intenções educativas
Em uma perspectiva restrita, expressam aquilo que deve se aprender, as matérias, disciplinas clássicas, caracterizando um sentido estritamente disciplinar e de caráter cognitivo.
Conteúdo – tudo o que se tem aprender para alcançar determinados objetivos que não apenas abrangem capacidades cognitivas, mas que incluem as demais capacidades.
Conceituais, procedimentais, atitudinais (COLL, 1986); o que se deve saber, saber fazer e ser; saber, saber fazer e ser.
3.       Primeira conclusão do conhecimento dos processos de aprendizagem: a atenção à diversidade
Não é possível ensinar nada sem partir de uma ideia de como as aprendizagem se produzem
As aprendizagens dependem das características singulares de cada um dos aprendizes; correspondem às experiências que cada um viveu desde o nascimento; a forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam segundo as capacidades, motivações e interesses de cada um dos meninos e meninas; enfim, a maneira e forma como se produzem as aprendizagens são o resultado de processos que são singulares e pessoais.
Atenção à diversidade dos alunos se constitui como o eixo estruturador.
4.       O construtivismo: concepção sobre como se produzem os processos de aprendizagem
A estrutura cognitiva está configurada por uma rede de esquemas de conhecimento.
Ao longo da vida, esses esquemas de conhecimento são revisados, modificados e se tornam mais complexos e adaptados à realidade, mais ricos em relações.
A natureza de dos esquemas de conhecimento de um estudante depende de seu nível de desenvolvimento e dos conhecimentos prévios.
Não basta que os alunos se encontrem frente a conteúdos para aprender, faz-se necessário que possam atualizar seus esquemas de conhecimentos, comparar com que é novo, , identificar semelhanças, diferenças, e integrar a seus esquemas.
Agora, o ensino.
O ensino tem que ajudar a estabelecer tantos vínculos essenciais e não arbitrários entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios quanto permita a situação.
A intervenção pedagógica estabelece os parâmetros em que se pode mover a atividade mental do aluno, passando por movimentos sucessivos de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio.
A intervenção pedagógica é concebida como uma ajuda adaptada ao processo de construção do estudante.
A situação de ensino e aprendizagem também é concebida como um processo dirigido a superar desafios que possam fazer avançar um pouco mais além do ponto de partida.
5.       A aprendizagem dos conteúdos segundo sua tipologia
Todo conteúdo sempre está associado e portanto será aprendido junto com conteúdos de outra natureza.
As atividades de ensino têm que integrar ao máximo os conteúdos que se queiram ensinar para incrementar sua significância.
As atividades de aprendizagem são substancialmente diferentes segundo a natureza do conteúdo.
A forma de propor as atividades de ensino será a que permita a máxima inter-relação entre diferentes conteúdos
·         A aprendizagem de conteúdos factuais – conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares. A aprendizagem se relaciona à capacidade de reprodução, e assim sem serem mobilizados, a tendência é serem esquecidos.
·         A aprendizagem dos conceitos e princípios – Há necessidade de compreensão, entendimento de significado; requer utilização para a interpretação, compreensão, exposição de um fenômeno ou situação; capacidade de situar os fatos, objetos ou situações concretos naquele conceito que os inclui. A aprendizagem nunca pode ser considerada acabada. Há um verdadeiro processo de elaboração e construção pessoal do conceito.
·         A aprendizagem de conteúdos procedimentais – incluem técnicas, métodos, regras, destrezas, habilidades, estratégias, procedimentos.
Situam-se na linha contínua motor-cognitivo; no eixo poucas ações/muitas ações; no continuum algorítmico/heurístico.
A aprendizagem de um procedimento implica: realização de ações; exercitação múltipla; reflexão sobre a própria atividade; aplicação a contextos diferenciados
·         A aprendizagem de conteúdos atitudinais – agrupam conteúdos relacionados à valores, atitudes e normas. Há vinculação afetiva.

⇨Pensar em uma intervenção pedagógica no sentido do desenvolvimento de todas as capacidades, de todos os diferentes conteúdos, referenciada em uma proposta de compreensividade, de formação integral, construtivista, que atenda a diversidades dos estudantes.


Zabala, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto AlegreArtMed1998.

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