quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Dissertação na área de ensino: Ensino integrado: uma experiência de interdisciplinaridade no curso técnico em edificações integrado ao ensino médio





01. Referência completa do trabalho:
SOARES, Sandro Stanley. Ensino integrado: uma experiência de interdisciplinaridade no curso técnico em edificações integrado ao ensino médio. Dissertação (Mestrado) IFG – Campus Jataí, Programa de Pós-graduação em Educação para Ciências e Matemática, 2015.

02. Identificação da pesquisa:
     Título: Ensino integrado: uma experiência de interdisciplinaridade no curso técnico em edificações integrado ao ensino médio
     Autor: Sandro Stanley Soares

03. Análise da pesquisa
     Objeto de Estudo/Tema: Integração curricular. Integração das disciplinas de Física e técnicas de um curso técnico integrado ao Ensino Médio
     Problema de Pesquisa:
Há insegurança em relação à integração das disciplinas comuns do Ensino Médio às específicas do curso de Edificações.
Há professores que sofrem por não saber como proceder, por mais que estudem, leiam, pesquisem etc.
Há um sentimento de desamparo e que há pouco diálogo entre os professores.
     Pergunta de Pesquisa:
Como promover um Ensino de Física integrado, aproveitando-se a estrutura física e os recursos laboratoriais disponíveis para o curso técnico?

     Objetivos da pesquisa:
     Geral
-Verificar a existência e como se realiza a integração curricular da disciplina Física às demais disciplinas técnicas no curso técnico em Edificações ao Ensino Médio.
     Específicos:
-Analisar como é trabalhada a disciplina de Física para o curso técnico integrado em Edificações;
-Observar como os professores de Física e os professores de outras disciplinas específicas, entendem a necessidade de integração, compreendida em duas perspectivas: de conteúdos; e de metodologias de trabalho, como forma de perceber a ocorrência do diálogo entre teoria e prática;
-Apresentar a necessidade e as vantagens de os professores aproveitarem os espaços de sala de aula e principalmente os laboratórios para estreitar a integração da disciplina de Física com as demais disciplinas, entre outros.

     Referencial Teórico:
     Principais conceitos
- relação trabalho-educação; o papel da educação na sociedade capitalista;
- educação profissional no Brasil na década de 1990, o Decreto 2.208/1997;
- Decreto 5.154/2004;
- ensino médio integrado
- currículo integrado,
- interdisciplinaridade;
- formação politécnica, formação de professor

     Principais teóricos
MARX; ENGELS, 2005,
KLEIMAN; MORAES, 2003
KUENZER, 2007
APPLE,1989
MOURA, 2010; 2013
BEZERRA, 2013
RODRIGUES, 2005
SAVIANI, 1989; 1998; 2007
FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2010; 2004; 2005
FRIGOTTO, 1993
RAMOS, 2001
GRABOWSKI; RIBEIRO, 2010
MORIN, 1999
VEIGA-NETO, 2002
LUCK, 1994
FAZENDA, 1996, 2001
JAPIASSU, 1975
LARANJEIRAS, 1994
ALMEIDA FILHO, 1997
BORGES, 2002
WERTHEIN; CUNHA, 2005
NARDI,1998
ETGES, 1995

     Procedimentos Metodológicos:
     Tipo de pesquisa: pesquisa-ação
     Abordagem de pesquisa: Qualitativa
     Participantes da pesquisa: professores, coordenadores do curso, gestores e alunos da instituição pesquisada
     Local onde a pesquisa foi realizada: curso técnico em edificações integrado ao ensino médio do IFG, campus Jataí.  
     Técnicas e instrumentos utilizados na coleta de dados
Para identificar como a integração entre as disciplinas de Física e profissionalizantes ocorre, promoveu uma oficina, mediada por uma professora especialista no tema de integração Médio/Técnico, possibilitando um diálogo entre os professores de Física e os professores da área Técnica. A oficina teve como objetivo promover o diálogo entre os professores de Física e os professores do núcleo específico do Curso Técnico em Edificações.
 Duração: 8 horas. O Público alvo foram os professores de Física e os professores de Estruturas, Resistência dos Materiais, Instalações Elétricas e Hidráulicas, Materiais de Construção; Mecânica dos Solos; Construção Civil.
Etapas:
“1) apresentação da situação- momento em que estabelecemos trabalhar a integração da disciplina de Física à outra disciplina técnica do curso de Edificações;
2) Produção inicial- oferecemos uma oficina sobre integração e interdisciplinaridade, e a partir dela realizamos 4 reuniões com os professores sujeitos desta pesquisa, definidos na oficina. Nessas reuniões o quadro comparativo de conteúdos das disciplinas técnicas, e, posteriormente elaboramos a Sequência Didática.
3) Módulos (6 aulas), sendo: 2 (duas) aulas de Física de 45 min cada, e 4 (quatro) aulas de 45 min, de Instalações Elétricas. Essas aulas foram realizadas em laboratório.”
4) Avaliação final pelos professores, e avaliação pelos alunos.
     Análise dos dados
     Como se tratou de uma pesquisa-ação, os dados foram analisados pelo pesquisador e os sujeitos participantes.
     A análise pareceu coerente em função do envolvimento obtido por parte dos sujeitos de pesquisa.
     Os resultados pareceram plausíveis em virtude de repercutir positivamente na organização do trabalho pedagógico do próprio curso, uma vez que houve participação e reflexão sobre a prática da integração curricular. “A partir dessa oficina, fizemos a correlação entre os conteúdos das disciplinas técnicas com os conteúdos de Física, buscando elaborar uma proposta de aula integrada, com vistas à produção de uma sequência didática - produto final desta pesquisa. Nessa perspectiva, a disciplina que apresentou mais convergência de seus conteúdos com a Física foi “Instalações Elétricas”, ofertada no 3° ano do curso técnico em Edificações, na qual aplicamos a sequência didática elaborada pelo pesquisador juntamente com os professores de Física e de Instalações Elétricas”
     Os resultados responderam às perguntas iniciais e satisfizeram os objetivos de pesquisa.
     Produto esperado: Módulo de Formação Continuada: Integração Física/Edificações. Nesta oficina, os professores refletiram sobre como promover a integração dos conteúdos de Física e das disciplinas profissionalizantes.


04. Conclusões (do autor/a do artigo ou dissertação):
Os resultados respaldam as conclusões. Foi estabelecida relação dos resultados com a literatura.
Constatação de dificuldade por parte dos professores de Física e da área técnica em trabalhar os conteúdos de forma integrada.
Os professores não apresentaram dificuldades na aplicação da Sequência Didática e apresentaram uma boa desenvoltura ao expor os conteúdos de Física vinculando-os aos conteúdos relativos à disciplina de Instalações Elétricas.
Os professores das disciplinas envolvidas concordaram sobre a importância de se estabelecer uma relação de diálogo entre as áreas de conhecimento, superando os ranços da fragmentação; a reflexão crítica sobre a experiência construída, sequência didática, possibilitou aos professores um maior amadurecimento, pois não tiveram a oportunidade e a vivência interdisciplinar no processo de formação.
O uso de Sequência Didática demonstrou ser uma relevante via para se alcançar a integração do Ensino Técnico.
Pontos fracos foram discutidos. Os professores também reconheceram a fragilidade e a circunscrição da experiência à pesquisa, contudo na vivência estabelecida, se mostraram propensos a novas experiências e ao crescimento em grupo, por meio da parceria em prol da construção de conhecimentos mais significativos para os alunos  
O autor sugere que mais disciplinas se envolvam em novas experiências de integração curricular.

05. Análise crítica:
Foi uma satisfação a leitura da dissertação. Tratou-se de um texto bem escrito com definição clara de objetivos, coerência e articulação de objetivos e resultados, especialmente a repercussão dos resultados de pesquisa no curso técnico em questão, potencializada em função da escolha metodológica da pesquisa-ação. Contudo, há concepções e usos da interdisciplinaridade circunscritas à filosofia do sujeito e não à percepção da interdisciplinaridade do objeto, tendo em vista à complexidade que lhe é intrínseca.
Cada vez mais, notadamente após o início do ProrEPT, percebo que a integração curricular não se constitui em uma prática comum, pacificada, cotidiana daqueles que trabalham com a docência da educação profissional. A integração curricular parece constituir-se em um território de disputas. Entre disciplinas de formação geral e disciplinas de formação profissional? Ou entre todas disciplinas?

domingo, 20 de outubro de 2019

Unidades de análise da prática educativa

ZABALA, A. 1988,  p. 23

A prática educativa: unidades de análise

1-      Complexidade das variáveis que intervêm nos processos educativos, tanto em número como em inter-relações.
2-      Atuação profissional baseada no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva.
2.1- Modelos de causa-efeito são inviáveis. Modelos mais próximos à teoria do caos do que a modelos mecanicistas.
3-      2 grandes referenciais: (1) função social do ensino; (2) conhecimento do como se aprende.
4-      Aula se configura como um microssistema definido.
4.1-  A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que se constituem em peças fundamentais em toda prática educacional: planejamento_aplicação_avaliação.
4.2-  Unidade mais elementar: atividade ou tarefa.
4.3-  Unidade elementar ampliada: sequências de atividades.
5-      Sequências são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. (p.18)
6-      Dimensões das sequências:
6.1- sintaxe, sistema social, princípios de reação e sistema de apoio (JOYCE; WEIL, 1985)
6.2- controle, conteúdos, contexto, objetivo/categoria, processos, apresentação/audiência e registros (TANN, 1990)
6.3- meio do ensino/aprendizagem entre alunos e professor e matéria, conteúdos de aprendizagem, e funções no processo de aprendizagem (HANS AEBLI, 1988)
6.4- sequência de atividades de ensino/aprendizagem, relações interativas, organização social da aula, espaço-tempo, organização dos conteúdos, materiais curriculares, critérios de avaliação (ZABALA, 1988)
7-      Referenciais:  Dos referenciais iniciais(1) função social do ensino; (2) conhecimento do como se aprende, são acrescentadas mais 4 fontes referenciais:
7.1 - função social do ensino ⇰ 1) fonte sócio-antropológica (concepção ideológica) e 2) fonte epistemológica (função do saber, dos conhecimentos, as disciplinas, das matérias);
7.2 - conhecimento do como se aprende ⇰ 3) fonte psicológica (como as aprendizagens se produzem) e 4) fonte didática (decisões didáticas e situações de ensino).


A função social do ensino e a concepção sobre os processos de aprendizagem: instrumentos de análise
1.       A função social do ensino: que finalidade deve ter o sistema educativo?
Selecionar os melhores para a carreira universitária? Sistema seletivo e propedêutico? Formar cidadãos e cidadãs, que estão parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas.
De nós, professores, espera-se identificar os fatores que incidem no crescimento dos alunos, aceitar o papel que podemos ter nesse crescimento e avaliar se nossa intervenção é coerente com função da escola e de nossa função social como educadores, assumindo-se ideologicamente.
2.       Os conteúdos de aprendizagem: instrumentos de explicitação das intenções educativas
Em uma perspectiva restrita, expressam aquilo que deve se aprender, as matérias, disciplinas clássicas, caracterizando um sentido estritamente disciplinar e de caráter cognitivo.
Conteúdo – tudo o que se tem aprender para alcançar determinados objetivos que não apenas abrangem capacidades cognitivas, mas que incluem as demais capacidades.
Conceituais, procedimentais, atitudinais (COLL, 1986); o que se deve saber, saber fazer e ser; saber, saber fazer e ser.
3.       Primeira conclusão do conhecimento dos processos de aprendizagem: a atenção à diversidade
Não é possível ensinar nada sem partir de uma ideia de como as aprendizagem se produzem
As aprendizagens dependem das características singulares de cada um dos aprendizes; correspondem às experiências que cada um viveu desde o nascimento; a forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam segundo as capacidades, motivações e interesses de cada um dos meninos e meninas; enfim, a maneira e forma como se produzem as aprendizagens são o resultado de processos que são singulares e pessoais.
Atenção à diversidade dos alunos se constitui como o eixo estruturador.
4.       O construtivismo: concepção sobre como se produzem os processos de aprendizagem
A estrutura cognitiva está configurada por uma rede de esquemas de conhecimento.
Ao longo da vida, esses esquemas de conhecimento são revisados, modificados e se tornam mais complexos e adaptados à realidade, mais ricos em relações.
A natureza de dos esquemas de conhecimento de um estudante depende de seu nível de desenvolvimento e dos conhecimentos prévios.
Não basta que os alunos se encontrem frente a conteúdos para aprender, faz-se necessário que possam atualizar seus esquemas de conhecimentos, comparar com que é novo, , identificar semelhanças, diferenças, e integrar a seus esquemas.
Agora, o ensino.
O ensino tem que ajudar a estabelecer tantos vínculos essenciais e não arbitrários entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios quanto permita a situação.
A intervenção pedagógica estabelece os parâmetros em que se pode mover a atividade mental do aluno, passando por movimentos sucessivos de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio.
A intervenção pedagógica é concebida como uma ajuda adaptada ao processo de construção do estudante.
A situação de ensino e aprendizagem também é concebida como um processo dirigido a superar desafios que possam fazer avançar um pouco mais além do ponto de partida.
5.       A aprendizagem dos conteúdos segundo sua tipologia
Todo conteúdo sempre está associado e portanto será aprendido junto com conteúdos de outra natureza.
As atividades de ensino têm que integrar ao máximo os conteúdos que se queiram ensinar para incrementar sua significância.
As atividades de aprendizagem são substancialmente diferentes segundo a natureza do conteúdo.
A forma de propor as atividades de ensino será a que permita a máxima inter-relação entre diferentes conteúdos
·         A aprendizagem de conteúdos factuais – conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares. A aprendizagem se relaciona à capacidade de reprodução, e assim sem serem mobilizados, a tendência é serem esquecidos.
·         A aprendizagem dos conceitos e princípios – Há necessidade de compreensão, entendimento de significado; requer utilização para a interpretação, compreensão, exposição de um fenômeno ou situação; capacidade de situar os fatos, objetos ou situações concretos naquele conceito que os inclui. A aprendizagem nunca pode ser considerada acabada. Há um verdadeiro processo de elaboração e construção pessoal do conceito.
·         A aprendizagem de conteúdos procedimentais – incluem técnicas, métodos, regras, destrezas, habilidades, estratégias, procedimentos.
Situam-se na linha contínua motor-cognitivo; no eixo poucas ações/muitas ações; no continuum algorítmico/heurístico.
A aprendizagem de um procedimento implica: realização de ações; exercitação múltipla; reflexão sobre a própria atividade; aplicação a contextos diferenciados
·         A aprendizagem de conteúdos atitudinais – agrupam conteúdos relacionados à valores, atitudes e normas. Há vinculação afetiva.

⇨Pensar em uma intervenção pedagógica no sentido do desenvolvimento de todas as capacidades, de todos os diferentes conteúdos, referenciada em uma proposta de compreensividade, de formação integral, construtivista, que atenda a diversidades dos estudantes.


Zabala, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da F. Rosa. Porto AlegreArtMed1998.

A maldição do diploma no Brasil

A maldição do diploma no Brasil se relaciona com o trabalho em suas dimensões de dependência, luta e conquista?
A questão se insere na relação educação_trabalho no modelo de Estado desenvolvimentista. No Brasil, país em que os desafios do Estado educador ainda não foram superados. E a educação (pata tod@s)  não se inseriu como valor. "[...] a ligação entre trabalho e educação é realizada, definida, garantida pelo diploma - ou pela ausência dele [...] Esse modelo mudou profundamente a relação com o saber e com a escola. [...] se vai à escola para 'ter um bom emprego mais tarde'. Entra-se para a 'sociedade do conhecimento' com mentes valorizando mais o diploma que o próprio conhecimento [...]" (p.39-40).
A formação e o diploma viraram a maldição dos mais fracos: "quem pouco frequentou a escola ou nela fracassou, quem completou o ensino médio, quem não tem diploma não consegue emprego [...] é excluído da vida social considerada normal" (p.40).

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Fichamento de Dissertação: Avaliação externa e educação especial na rede municipal de ensino de São Paulo.


Avaliação externa e educação especial na rede municipal de ensino de São Paulo

Avaliação educacional

Estado, Sociedade e Educação


RAIMUNDO, Elaine A. Avaliação externa e educação especial na rede municipal de ensino de São Paulo. Dissertação (mestrado). Universidade de São Paulo USP. 2013.

Objetivo geral
Analisar a participação do público-alvo da educação especial na avaliação Prova São Paulo, criada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP), no período 2007-2011.

Objetivos específicos
• Proceder ao levantamento de referências (documental e bibliográfica) sobre a temática em âmbito nacional e internacional;
• Caracterizar e analisar a política de avaliação externa e em larga escala do município de SP;
• Verificar o envolvimento dos diferentes setores da SME-SP;
• Verificar os desdobramentos dessa política de avaliação externa e em larga escala no que se refere à política inclusão escolar.

Problema de pesquisa
Como vem se constituindo a participação do público-alvo da educação especial na avaliação Prova São Paulo, criada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para produzir informações periódicas sobre o desempenho de seus alunos e verificar os efeitos das políticas e dos programas educacionais adotados?

Aborda: 
• A experiência dos Estados Unidos, um dos países pioneiros em avaliação educacional em larga escala;
• A experiência brasileira, sua legislação e orientações
• A participação do público-alvo da educação especial nas avaliações externas;
• O envolvimento entre as equipes da avaliação educacional e da educação especial foi considerado de extrema relevância para a ampliação do quadro de adaptações e apoio especiais ofertados

Metodologia
Pesquisa exploratória de caráter qualitativo
Análise documental
Entrevistas semiestruturadas com as coordenadoras da SME-SP
Observação em campo das adaptações, cotidiano das escolas e da aplicação da Prova São Paulo

Importância do estudo para o campo da avaliação educacional de larga escala, especialmente para a modalidade educação especial.

Disponível na Biblioteca da Universidade de São Paulo

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Fichamento de Tese: Identidade de Escola Técnica vs Vontade de Universidade nos Institutos Federais: uma abordagem histórica

...
Identidade de Escola Técnica vs Vontade de Universidade nos Institutos Federais: uma abordagem histórica
Educação Profissional e Tecnológica
História da Educação


MORAES, Gustavo. Identidade de Escola Técnica vs Vontade de Universidade nos Institutos Federais: uma abordagem histórica. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de Brasília, 2016.

Objetivo geral
Compreender a maneira como tem se processado as tensões entre a tradicional identidade de escola técnica e a vontade de universidade no processo de construção da nova institucionalidade dos Institutos Federais
Objetivos específicos
• Analisar o processo de publicação da Lei 11.892/08 de criação dos Institutos Federais e o processo de equiparação, para fins regulatórios, às Universidades.
• Analisar a formação dos corpos docentes e discentes dos Institutos, a partir de estudos estatísticos desenvolvidos frente à Diretoria de Estatísticas e Informações Acadêmicas (DEIA) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC)

Problema de pesquisa
De que maneira tem se processado as tensões entre a tradicional identidade de escola técnica e a vontade de universidade no processo de construção da nova identidade dos Institutos Federais?

Tese
Os Institutos Federais vêm enfrentando um processo conflituoso na construção de suas novas institucionalidades, sendo palco de um tensionamento constante entre a secular identidade de escola técnica, representada pela oferta de formação técnica, e a vontade de universidade, representada pela defesa de um direcionamento da oferta para os cursos superiores e pela tentativa de
implantação de um modelo de pesquisa pautado na experiência universitária.

O estudo
A partir do pressuposto da centralidade da História, especialmente a adoção de um olhar visto de baixo, o autor buscou compreender a formação de uma institucionalidade - a nova institucionalidade – expressão que remete às disposições legais que limitam o escopo de atuação dos Institutos Federais; resgatou a institucionalidade primeira dos Institutos Federais desde o Decreto Presidencial 7.566, de 23 de setembro de 1909, pedra fundamental da Rede Federal, através da qual o presidente Nilo Peçanha criou em cada uma das capitais dos estados da República uma Escola de Aprendizes Artífices, para o ensino profissional primário e gratuito; e apresentou um conjunto de transformações históricas da pelas quais passaram até a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Para o autor o legado de Nilo Peçanha continua vivo. “A Rede Federal, que ajudou a criar – marcada pelo critério da inclusão e da valorização do trabalhador e de suas artes técnicas –, se expandiu por todo o território nacional. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia vêm crescendo e se interiorizando, sendo cada vez mais reconhecidos pela sociedade como um agente de transformação do Brasil, país ainda tão tristemente marcado pelo descaso com o ofício dos trabalhadores. O projeto de Nilo continua vivo, renovado pelas novas roupagens democráticas e pedagógicas que estes cem anos nos ensinaram. Nós, filhos destas escolas, temos orgulho de continuar esta história.” (p.111-112)
Os Institutos Federais vem enfrentando um processo conflituoso na construção de suas novas institucionalidades, sendo palco de um tensionamento constante entre a secular identidade de escola técnica, representada pela oferta de formação técnica à classe trabalhadora, e a vontade de universidade, representada pela defesa de um direcionamento da oferta para os cursos superiores e pela implantação de um modelo de pesquisa pautado na experiência universitária. Este tensionamento, embora difuso, tende a opor dois grupos polares - nativos e novatos - que representam, respectivamente, forças de manutenção e de transformação das institucionalidades. Sua origem, no entanto, remonta a aspectos residuais da cultura brasileira, dentre os quais destaca-se o desprezo pela atividade técnica e a mitificação do bacharel e do doutor.
Os números nos mostraram que o movimento de cada campus é distinto, estando intimamente ligado ao seu estágio de consolidação. Os campi mais novos, por exemplo, tendem a iniciar sua oferta formativa pelos cursos FIC, que demandam uma estrutura menor. À medida que se consolidam, os campi Identidade de Escola Técnica vs. Vontade de Universidade Considerações Finais 338 tendem a ampliar sua oferta em direção aos cursos técnicos, dando preferência aos subsequentes e concomitantes. Os cursos técnicos integrados costumam surgir quando o campus já está se consolidando, possuindo corpo docente suficiente para a formação técnica e geral. O surgimento dos técnicos integrados costuma vir acompanhado de uma consequente redução das matrículas nos cursos FIC e nos outros tipos de oferta de cursos técnicos. Nos campi em que o ensino técnico já está estabelecido, aparece com força a possibilidade dos Cursos Superiores de Tecnologia, porta de entrada para a educação superior. Espera-se, a partir deste momento, a criação dos cursos de bacharelado, com preferência às engenharias. Até aqui, temos um cenário ótimo, pois é exatamente este tipo de verticalização da oferta que é desejado pelo marco da política pública. Há, contudo, algumas distorções importantes que podem comprometer o desenvolvimento da concepção inovadora dos Institutos Federais.
A primeira grande distorção ocorre quando a vontade de universidade age no sentido da criação de cursos de bacharelado, ainda que distantes das necessidades regionais. No âmbito do IFSC a criação de cursos de engenharia nos campi recém-fundados, que ainda não estruturaram o seu itinerário formativo, é sintoma desta distorção. Este “curto-circuito” na oferta é prejudicial à instituição. Outro sintoma do mesmo problema é a criação de diversos cursos de engenharia com mesma denominação nos campi do IFSC, inflando as ofertas além do demandado pela esfera produtiva. O risco de se produzir um excedente de engenheiros desempregados ou, ao menos, não atuando em suas áreas é crescente - ainda mais quando consideramos a proximidade geográfica destas ofertas impróprias, algumas vezes separadas por menos de 50Km. É certo que é sempre possível afirmar que as ofertas dos Institutos não precisam ter esta correspondência direta com o mundo do trabalho, que a formação superior se justifica per si. Este é um tipo de concepção, no entanto, que distorce em si o projeto nacional de Educação Profissional Tecnológica.
A segunda distorção, mais profunda e preocupante, se dá no âmbito dos campi já consolidados, onde já percebemos a relativa diminuição do ensino técnico frente ao ensino superior. No ensino técnico, vai se desenhando uma tendência de diminuição das ofertas subsequente e concomitante em detrimento dos cursos técnicos integrados. Os cursos FIC, por sua vez, contam com pouquíssimas matrículas, geralmente associadas aos Programas Especiais de Formação, levados a efeito – em sua ampla maioria – por um corpo docente exterior ao IFSC. No campo da educação superior parece estar se constituindo como regra a substituição dos CSTs pelas suas engenharias equivalentes, desvirtuando o projeto inicial.
A terceira distorção é aquela que aponta para o perigo da elitização da instituição. A matriz que relaciona a dinâmica das matrículas nos tipos de curso (Cap. 09) com o índice Socioeconômico (ISE) dos alunos (Cap. 10), demonstrou que o IFSC, efetivamente, vem direcionando sua oferta para os estratos de condição mais privilegiada, em detrimento daqueles que mais necessitam da EPT como fator decisivo para as suas mobilidades sociais. O fortalecimento dos cursos técnicos integrados e dos bacharelados, desejados por toda a REDE, tem sido acompanhado pelo enfraquecimento de ofertas como os cursos FIC, técnicos subsequentes e concomitantes, PROEJA, CSTs e Licenciaturas, principalmente nos campi mais consolidados. Há que se ter, contudo, ao menos dois cuidados a partir desta informação: o primeiro é o que pede atenção não só para a tendência de crescimento proporcional, mas para os números absolutos ligados a todos os tipos de cursos. Ainda que esta tendência para os cursos “mais ricos” se desenhe, é forçoso reconhecer que o IFSC ainda atua em todos os tipos de curso/oferta, incluindo todos os potenciais públicos e mantendo a maior parte das suas matrículas nos cursos técnicos de nível médio. Outro cuidado diz respeito ao que podemos considerar elite. Ainda que os alunos dos cursos técnicos integrados e dos bacharelados tenham um ISE bastante superior aos alunos do PROEJA, por exemplo, seria irresponsável classificalos como alunos de elite. Pelo contrário, o que vemos em todo o IFSC são públicos formados, hegemonicamente em escola pública e de baixa renda familiar. Públicos que reúnem os trabalhadores e seus filhos.

Metodologia
Abordagem histórica
Pesquisa qualitativa – história dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, destacadamente, do CEFET Paraná, UTFPR e IFSC.
Pesquisa empírico-quantitativa - análises da formação dos corpos docentes e discentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC)

Importância do estudo para a História da Educação, especialmente para a história dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

Disponível na Biblioteca da Universidade de Brasília

Fichamento de Dissertação: A avaliação do domínio psicomotor da aprendizagem: estudo para construção de escala de proficiência na educação profissional.



A avaliação do domínio psicomotor da aprendizagem: estudo para construção de escala de proficiência na educação profissional
Métodos e Gestão em Avaliação
Avaliação Educacional


KORB, Thiago. A avaliação do domínio psicomotor da aprendizagem: estudo para construção de escala de proficiência na educação profissional. Dissertação (mestrado profissional). Universidade Federal de Santa Catarina UFSC. 2019.

Objetivo geral
Propor uma escala que permita avaliar na prática o domínio psicomotor da aprendizagem,
no contexto da educação profissional, à luz da Teoria de Resposta ao Item (TRI).
Objetivos específicos
• Investigar experiências empregadas na avaliação do domínio psicomotor
utilizando a Teoria de Resposta ao Item como método de análise e interpretação
de resultados.
• Caracterizar o experimento objeto de estudo quanto a elaboração da matriz de
referência do constructo, instrumento de avaliação utilizado e processo de
aplicação das provas práticas.
• Realizar a estimação dos parâmetros dos itens de avaliação e proficiência dos
estudantes na perspectiva do domínio psicomotor da aprendizagem.
• Elaborar escala de níveis de desempenho de estudantes da educação profissional,
que permita a identificação da qualidade da proficiência e interpretação
pedagógica do domínio psicomotor da aprendizagem.
• Aplicar a escala construída na amostra selecionada para diagnóstico dos níveis de
desempenho dos estudantes da educação profissional.

Problema de pesquisa
Como elaborar uma escala que permita avaliar na prática o domínio psicomotor da
aprendizagem de estudantes da educação profissional?

A dissertação se utilizou dos referenciais de avaliação educacional em larga escala; métodos quantitativos em avaliação educacional; aplicação da TRI em contexto de avaliações práticas na educação profissional;  taxonomia dos objetivos educacionais de Bloom (inclusive revisões); para a proposição de uma metodologia viável de mensuração do domínio psicomotor da aprendizagem, considerando suas peculiaridades.

Metodologia
O campo de pesquisa abrangeu uma amostra estudantes da educação profissional de nível
médio, do Curso Técnico em Mecânica, vinculados ao SENAI, pertencentes a todas as regiões geográfica do país.
A pesquisa utilizou a aplicação da TRI em avaliações práticas de proficiência (focadas no “saber fazer” e não no “saber”), como uma nova abordagem e alternativa para os tradicionais testes cognitivos utilizados nas avaliações de larga escala da educação básica e superior.

Importância do estudo em função da carência de parâmetros de avaliação em larga escala para essa modalidade de ensino no país; e em virtude de trazer uma metodologia de mensuração do domínio psicomotor da aprendizagem, relacionando-a à avaliação da Educação Profissional e Tecnológica (EPT).

Indicado aos estudos de avaliação educacional, métodos quantitativos em avaliação educacional, Teoria de Resposta ao Item, taxonomia dos objetivos educacionais e Educação Profissional e Tecnológica.
Disponível na Universidade Federal de Santa Catarina.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

08/10/2019, lançamento do Programa Novos Caminhos - para a EPT

Sobre os cursos técnicos 
Entre outras ações, ressalto a divulgação de uma meta do programa:
elevação de 80% de matrículas na EPT de nível médio, atualmente em aproximadamente 1,9 milhão, de forma a alcançar 3,4 milhões de matrículas nos cursos técnicos

0 INEP recebeu um grupo dos nossos estudantes do CED2 do Cruzeiro em Visita Técnica ao órgão.
No 1° e 2° semestre do Curso Técnico em Serviços Públicos, a formação intermediária é "Auxiliar de arquivo", por isso a visita objetivou conhecer os setores de arquivo, de protocolo e a ouvidoria, como campo de aplicação dos estudos da LAI, do gerenciamento de documentos, classificação, códigos, descrição numérica, métodos de arquivamento etc. E o CED2 agradece aos servidores públicos que se dedicaram a nos receber.  Nesses dias, noss@s estudantes estão em vários  lugares de BSB realizando as Visitas Técnicas.
Nosso desafio é a integração curricular em torno dos Projetos Integradores:
1- As tecnologias para a Gestão Pública e o mundo do trabalho.
2 - A qualidade social na Administração Pública...